Quando alguém fala ter havido um golpe
político no país, pode parecer, à primeira vista, exagero. Afinal, não vemos
tanques nas ruas nem chefes de governo assassinados. Neste ponto, não nos custa
ler ou ouvir quem entende para entender as coisas. Carlos Barbé diferencia o golpe de Estado da
guerrilha e da guerra revolucionária. Se a guerrilha desgasta até o limite as
forças armadas e policiais a serviço do Estado, o golpe “é executado não apenas
através de funcionários do Estado (...) mas mobiliza até elementos que fazem
parte do aparelho estatal”. Por isso, o Congresso Nacional e os dispositivos
constitucionais podem servir de meio e princípio. Mas para o golpe ter êxito, diz Pasquino mais adiante, é
preciso “ocupar e controlar os centros de poder tecnológico do Estado, tais
como as redes de telecomunicações, o rádio, a TV, as centrais elétricas, os
entroncamentos ferroviários e rodoviários”, o que permite “o controle dos
órgãos do poder político” (vide o verbete “Golpe de Estado” do Dicionário
de política, escrito com N. Bobbio e N. Matteucci, de 1983). Os jornais, as
revistas e os noticiários de TV, os mais divulgados e vendidos no país, não
cansaram de dizer o mesmo: Fora Dilma! Basta! As
manifestações reuniram os honestos contra os corruptos e o pato da FIESP
pululou aqui e acolá a farsa de uma revolta contra os impostos: por quais
interesses? No jogo de poder das informações e comunicações, quem são mesmo as famílias em razão das quais nos encontramos, mais uma vez, frente a essa destinação política de nossos tristes
trópicos? E aqui vale a leitura de Mauro Lopes, dos Jornalistas livres, sobre As quatro famílias que decidiram
derrubar um governo democrático:
Tudo para salvar o país contra o bem geral.
Jason de Lima e Silva
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