domingo, 1 de abril de 2018

Silêncio

Arnold Böcklin, O silêncio da floresta, 1885 




















Há horas em que o mundo se cala
O céu se expande
E não pensamos nos mortos da cidade

Nem nos vivos que nos afligem

Não é uma hora gratuita
Tudo andou a seu tempo
Como se não tivéssemos pressa
De nos encontrarmos ali
Com as pernas esticadas

Há um róseo cinzento que doura
A melodia desta hora

O ritmo cardíaco de uma gota
No telhado da varanda
Atordoa e consola

Muito pássaro como de hábito
E aquele sopro úmido
Da chuva que passou

Nada é em vão
Mas supor algum sentido
É destruir a beleza de cada coisa

Jason de Lima e Silva

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